terça-feira, 24 de julho de 2018

Palestra Paul Ekman: Compaixão, emoção e a natureza humana sob a visão de Darwin

Paul Ekman nasceu em 15 de fevereiro de 1934. É psicólogo norte-americano e considerado um dos pioneiros no estudo das emoções e sua relação com as nossas expressões faciais.
Em um levantamento realizado por Haggbloom e colaboradores (2002), ele ficou em 59º lugar entre os 100 psicólogos mais citados do século XX. Esse raking levou em conta as citações em periódicos científicos; em outros trabalhos e também um levantamento realizado entre os membros da Associação de Psicologia Americana, entre outros aspectos. Entre suas principais contribuições para a ciência estão:

  1. A tentativa de demonstrar a universalidade de certas emoções (chamadas básicas) e suas correlações com expressões faciais típicas;
  2. Suas contribuições para o campo da detecção da mentira por meio da observação comportamental;
  3. A criação de um método de descrição do movimento facial (Facial Action Coding System);
  4. A criação de um Atlas das Emoções, trabalho financiado pelo Dalai Lama.

Assista essa palestra de extrema importância para compreensão quanto ao tema e os estudos do Dr. Paul Ekman.

Confira!



sábado, 14 de julho de 2018

Dr. Paul Ekman e o estudo das emoções

Paul Ekman, PhD
O especialista em detecção de decepções do mundo, co-descobridor de microexpressões e a inspiração por trás da série de sucesso, Lie to Me.
Dr. Ekman foi nomeado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista TIME e, em 2014, ficou em décimo quinto lugar entre os psicólogos mais influentes do século XXI. Dr. Ekman escreveu mais de 14 livros e 170 artigos publicados. Ele também possui vários graus honorários de doutorado.

Paul Ekman é considerado o maior especialista do mundo quando se trata da análise das emoções humanas e expressões faciais. O seu trabalho é referência para muitos especialistas do mundo todo, como citado no livro “Blink” do Malcolm Gladwell. E é devido ao seu sistema de codificação facial  (FACS) que hoje é possível ver animações da Pixar no cinema com bonecos tão “reais” no que concerne à expressão de emoções. Existe, inclusive, uma série americana, inspirada na sua carreira, chamada “Lie to Me” (Artigo sobre a Série). Onde Ekman é representado pelo “caricato” Dr. Cal Lightman  interpretado por Tim Roth. Mas vamos ao que interessa: Trata-se de trechos do livro Emotions Revealed que separamos.

Segundo Dr Ekman existem pelo menos 4 competências que podem ser melhoradas com a compreensão das emoções:
  1. Identificar as próprias emoções com mais facilidade, mesmo antes de agir ou falar;
  2. Escolher como se comportar quando está a ficar emocional de forma a se conseguir atingir os objetivos sem magoar outras pessoas;
  3. Tornar-se mais sensível às emoções alheias.
  4. Usar de forma cuidadosa as informações sobre como os outros se sentem.

Expressões faciais e emoções:
Todos nós quando experienciamos uma emoção traduzimos a mesma através de uma expressão facial, nem que seja o nível micro (principalmente quando mentimos), onde as mesmas duram menos de 1/5 de segundo.

Auto-avaliadores:
O nosso cérebro tem auto-avaliadores que perante as situações “disparam” emoções: Com anos de meditação, por exemplo, é possível ter a capacidade de resposta entre o estímulo e emoção.

Sorriso verdadeiro e impacto no cérebro:
Segundo um estudo conduzido por Richard Davidson e Paul Ekman, “forçar” um sorriso verdadeiro, ou seja, ativando os mesmos músculos faciais, provoca no cérebro a mesma reação que um espontâneo.

Isto é verdade não apenas para a emoção “alegria” mas também para todas as outras. Talvez por isso esta frase de Edgar Allan Poe seja tão verdadeira: “Quando quero descobrir o quão esperta ou estúpida, ou quais os seus pensamento no momento, espelho na minha cara, o melhor que consigo, a expressão da pessoa, e depois espero para ver que emoções e pensamentos afloram”. Exercício interessante, que desde já lanço o desafio!

Período refratário
É o período imediatamente a seguir ao exprimir de uma emoção (ex. raiva). Não adianta chamar uma pessoa à atenção/razão neste período. Ela não se apercebe sequer que está num período refratário. Só depois, sobre reflexão, é que ela pode perceber que reagiu de forma inapropriada e se arrepende do seu comportamento.

Gatilhos emocionais
Todos os condutores já experienciaram carregar no pedal imaginário quando vão sentados no lugar ao lado. É uma reacção automática. Até um instrutor de condução tem este “gatilho” emocional, mas mais enfraquecido que numa pessoa normal. Todos nós temos “gatilhos” que nos fazem disparar algumas emoções e que fomos e vamos colecionando ao longo da vida.

Como podemos enfraquecer um gatilho (ex. sentir raiva de uma pessoa em específico):
1 – Identificar o que está a causar a emoção e como isso se manifesta (ex. pensamentos, reacções corporais, etc.)
2 – Criar um registro de episódios (ex. num diário)
3 –Aprendendo o que provoca e como costuma reagir começa-se a ter maior consciência e a poder dar novas respostas.

NOTA IMPORTANTE:

Todos nós sentimos emoções e as expressamos de vários níveis, principalmente em termos faciais. Isto permite-nos perceber, por exemplo, o que os outros estão sentindo. Não nos permite, no entanto saber o que estão PENSANDO! Por exemplo, o medo de uma pessoa culpada prestes a ser apanhada é muito semelhante ao medo de uma pessoa inocente prestes a ser desacreditada!

Por isso aquela história dos Psicólogos saberem o que as pessoas estão a pensar ser um apenas grande mito que pertence ao imaginário colectivo.

Em um dos nossos cursos uma das técnicas mais importante são as 7 emoções básicas, segue as emoções:

7 emoções básicas estudadas
Paul Ekman dedicou-se ao estudo de 7 emoções básicas que verificou serem inatas a todos os seres humanos e transversais a todas as culturas do mundo:

       Tristeza
       Raiva
       Surpresa
       Medo
       Nojo
       Desprezo
       Alegria

Descobriu que cada emoção se expressa de forma diferente nas pessoas a vários níveis. Por exemplo, cada uma tem diferentes expressões faciais associadas. Cada uma cria inclusivamente um impulso para a realização de um som específico! Para alem disso, cada uma provoca um impulso para a acção:

       Raiva: aproximação ao objecto
       Medo: parar para evitar ser detectado ou fuga
       Desprezo: olhar de cima para baixo para o objecto
       Surpresa: atenção fixa no objecto
       Nojo: o mesmo que o medo mas mais fraco
       Alegria: aproximação ao objecto

Reação corporal a uma emoção

Várias coisas acontecem quando estamos no calor de uma emoção, e tudo em questões de segundos, sem a nossa escolha ou consciência:

       sinais emocionais na voz
       sinais emocionais na face
       as acções presentes e aprendidas  tornam-se presentes
       reacções automáticas no corpo
       recuperação de memorias e expectativas
       alteração da forma como interpretamos o que nos acontece e ao mundo que nos rodeia

Tudo isto é involuntário e apenas com treino a pessoa poderá estar consciente delas. Assim, não somos capazes de interromper as nossas reações mas somos capazes de as gerir, mesmo não tendo a opção de as parar imediatamente.

Uma boa forma de o fazer é através do treino da atenção, com práticas como o Mindfulness.

Outra boa forma de se aprender como treinar é ter um curso no assunto para entender melhor como funciona uma análise das micro expressões.

TRISTEZA e agonia
A tristeza é uma das emoções que mais dura. Depois de um período de agonia é normal também existir um de tristeza resignada.

Existem vários movimentos faciais associados à tristeza (ex. olhos baixos, boca aberta, etc.) mas o principal é a “ferradura” entre as sobrancelhas.

RAIVA
Tem algumas características faciais, como as sobrancelhas baixas e juntas, os lábios ficarem mais finos e a margem vermelha dos lábios ficar mais castanha.

É uma emoção explosiva e por vezes ponto de ruptura nas relações entre casais. Numa discussão, por exemplo, é normal os homens adoptarem uma postura muito prejudicial (ex. agir como um “muro”), saindo friamente da interacção, não respondendo às emoções da parceira. É mais eficaz ouvir, reconhecer a raiva da parceira/colega e pedir-lhe para discutirem mais tarde quando ele se sentir mais preparado e controlado.

Uma coisa a ter em conta relativamente à raiva é quando nos sentimos irritados. Neste modo é fácil zangarmo-nos. Aliás, procuramos uma oportunidade para isso! Um conselho é evitar pessoas quando nos sentimos irritados, caso consigamos reconhecer que estamos nesse estado.

Perante uma pessoa raivosa NUNCA DIZER: “porque está zangado comigo?”.

Dizer “a minha ação pode ter-te feito ficar zangado e peço desculpa por isso. Há algo que possa fazer para ajudar?”

SURPRESA E MEDO
A surpresa é a mais rápida emoção que existe. Quando a pessoa percebe o que se passa ela transforma-se em medo, alivio, nojo, etc., consoante a causa.

A expressão do medo manifesta-se por um subir das pálpebras superiores e tensão nas inferiores. Para além disso as sobrancelhas sobem e juntam-se, o maxilar baixa e os lábios esticam-se verticalmente na direção das orelhas.

A surpresa tem como características principais o abrir dos olhos e da boca, assim como o subir das sobrancelhas.

NOJO E DESPREZO
O que mais potencia a emoção de nojo são os produtos corporais (fezes, vómito, urina, muco, sangue, etc.). Provavelmente algumas destas palavras fizeram o seu nariz enrugar, característica tão própria desta emoção.

Sabia que as expressões de nojo numa discussão de casal são um indicador do tempo que o mesmo passará junto nos próximos 4 anos?

A emoção de desprezo tem uma característica facial muito típica, o levantar de um dos lados da boca, como se fosse um meio sorriso feito na direção da orelha (isto só com palavras é mais difícil de explicar).

EMPATIA E COMPAIXÃO
Não são emoções. Existem três tipos de empatia:

       Cognitiva: reconhecemos o que o outro está a sentir
       Emocional: sentimos o que o outro sente
       De compaixão: queremos ajudar o outro a lidar com a situação e com as emoções

Ekman também fala-nos de outras emoções positivas como a diversão, a excitação, o alívio, etc, desordens emocionais associadas a cada emoção básica e até como detectar uma mentira quando alguém “fabrica” uma emoção. Por exemplo, um sorriso falso pode ser detectado pois falta-lhe o movimento involuntário que ocorre na parte exterior dos olhos (o que provoca os chamados “pés de galinha”).

No entanto, isto tudo tem que ser analisado dentro do contexto e as mudanças são muito sutis. O próprio autor diz que se alguém afirma que o outro fez um sinal inegável de mentira ou está enganado ou é um charlatão, pois mesmo com treino há que analisar sempre estes pontos com muita precaução e inseridos com um conjunto de indicadores que não apenas uma expressão isolada.

Se você realmente gosta do assunto e quer aprender ainda mais sobre Linguagem Corporal conheça o trabalho que preparamos.

Fontes:
Emotions Revealed – Dr Paul Ekman
O Código Ekman – Paul Ekman, Dr Feitas Magalhães

PS: Assista a séria Lie TO Me.


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