sexta-feira, 17 de abril de 2020

Direitos humanos e gênero: Um processo histórico sociocultural




“Imagine como seríamos mais felizes, o quão livres seríamos para sermos nós mesmos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero.” 
Chimamanda Ngozi Adichie

A longo tempo as mulheres são penalizadas em seus direitos, um processo de construção de identidade de gênero cultural e histórica, tornando assim, por longa data deixados de lado. A exemplo, expressão ‘sexo frágil’. O que cabe a mulher é a casa, filhos e cozinha. Essas frases geram a ideia de um ser submisso a outra figura de gênero. Conforme Karnal cita a “misoginia sendo talvez a mãe de todos os preconceitos”, possibilita a presença dela desde a Grécia antiga, no período Romano e no decorrer dos séculos. Uma coisa que precisamos pensar e analisar sobre as políticas e a violência que isso leva até chegar ao estado grave o feminicídio. O homem sempre postou uma figura potente e a mulher um discurso de fragilidade. O homem não chora. A loira é burra. Mulheres dirige mau. A ideia de que o homem pode trazer o sustento para casa, por muito tempo, levou sempre a discriminação do gênero. Na religião, é estranho pensar como Deus não tenha gênero, o porque o ser humano trata outro semelhante sem o mero respeito.

Esse processo que leva a discriminação, preconceito e violências com requintes de crueldade, revelando a capacidade do ser humano em fazer o mau, leva uma resposta para além. O homem é homem a partir da realidade social e cultural. O nascer homem é biológico. O ser humano constrói sua identidade a partir da cultura, contexto histórico e social que é imposto a ele. Esse parágrafo pode ser descontruído por um conservador ou algum fundamentalista religioso facilmente. No entanto, movimentos de igualdade como já fornecido pela nossa Constituição (1988), faz todos sermos iguais e gozar de direitos iguais. Por mais que esses direitos são violados precisamos enquanto psicólogos promover a mudança e transformação na sociedade por meio da nossa atuação, fomentando trabalhos voltados para o tema. O código de ética do psicólogo, embasa seus artigos e incisos na Lei base ou mãe das leis que é a carta maga.

Não obstante, a desigualdade de gênero trazendo os palavrões, piadas entre outras formas de preconceitos que pairam na discriminação do gênero. No Brasil, como forma de conter o índice de violência familiar, foi instituído a Lei Maria da Penha que prevê penas para os agressores que violentam sua própria esposa. O seu companheiro de dentro da sua própria casa, sua família, faz isso com ela (mulher). É enfático afirmar que isso é um abuso do gênero mais forte, sobrepondo do gênero supostamente mais inferior. Conceito histórico surgido desde a pré-história com o homem responsável pela a caça e a mulher por atividades domésticas. Essa construção se tornou ideológica e permeia a atualidade. Haja visto, a mulher como objeto de desejo onde surge os crimes sexuais. A mulher passou ser alvo além de piadas ou humor negro, ela passou a ser a representatividade da inferioridade, do adultério. A mulher passou ser a Eva (pecado), sempre elogiada esteticamente e não pela capacidade de estar na sociedade com seu trabalho competente.

Provavelmente alguma mulher já teve passado por algum vexame em algum lugar por ser discriminada ou inferiorizada. Isso leva a crer que as mulheres da atualidade buscam a exercer o termo empoderamento feminino, ser livres para estar onde querem e não serem julgadas por suas escolhas, bandeira defendida pelo o feminismo. Não apenas deve ser uma luta pelas as mulheres que se dedicam a causa, mas deve ser uma luta também dos homens. Uma sociedade mais igualitária, desenvolvida, se torna uma sociedade menos agressiva, isso proporciona para que a personalidade masculina, seja mais branda. Existem diversos casos de homicídios, é um fato social, nas comunidades diversos assassinatos ocorrem diariamente, no homem impera a figura do agressivo, para ser menos agressivo o homem não necessita ser mais feminino, necessita sim ser mais sensível ou cordial nos relacionamentos.

Dessa forma, a construção histórica-social deu-se por meio da figura masculina o homem sendo o responsável pela a casa, fez com que assumisse o papel de figura onipotente, incorporando em si a ideia do macho, provedor. Com o ato de procriar e gerar filhos essa figura só potencializou o papel de opressor. A mulher nesse contexto, passou a ser totalmente submissa ao que era imposto a ela. Esse fator biológico foi um processo natural de construção histórica social pelo o gênero dominante usurpando seu papel social.

Contudo, na atualidade devido a lutas por papéis igualitários. O cenário vem mudando, graças a informação e tecnologia. O ser humano está mais conectado e ciente de seus direitos. Devido a essas mudanças, mulheres de todo o mundo tem conseguido melhores condições como direito a voto e a casamentos não arranjados. Me doí ainda saber, mas é real, a mulher negra passa por duas formas de discriminação, além da misoginia sofre o racismo. Impossível na atualidade definirmos uma pessoa pela sua melanina ou cor de pele. 


Por Jabner Gonçalves de Lima



Dica de leitura:

1) Como educar crianças feministas - Um manifesto 




Uma leitura que aborda o tema no texto acima mencionado.
Um texto comovente e propositivo de uma das maiores escritoras contemporâneas sobre como combater o preconceito pela educação.
Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista.
Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos.
Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.


2) Gênero e direitos humanos: Conquistas e desafios (artigo)

BAIXE AQUI

Sob o enfoque dos Direitos Humanos e de Gênero o presente trabalho visa diagnosticar os fatores estruturais do empoderamento feminino, a fim de reconhecer a igualdade entre homens e mulheres como um direito fundamental inviolável, perpassando-se pelo crivo da historicidade das relações de gênero, estabelecidas pela divisão sexual do trabalho e pela violência doméstica como instrumentos de manutenção do status quo da dominação masculina. Busca-se, ainda, estabelecer uma análise da figura das mulheres marisqueiras e pescadoras na Reserva Extrativista de Canavieiras - BA. Para tanto, utilizou-se de revisão da literatura existente, para fomentar o embasamento teórico a respeito dos temas em foco e para o conhecimento empírico utilizou-se de uma pesquisa qualitativa, construída, por meio de uma observação participante, através de entrevistas semi estruturadas, transcritas na íntegra, apresentando a experiência das mulheres e suas vivencias na Reserva. Por fim, constata-se a ruptura de barreiras de caráter identitário-sociológico e consequente promoção da equidade de gênero por meio de ações emancipatórias do ser-mulher.

Convite! Antologia Jabner Lima e Convidados | Caminhos Diversos

 Olá a todos! Tenho uma excelente notícia! Para todos aqueles que se inscreverem na ANTOLOGIA JABNER LIMA E CONVIDADOS - CAMINHOS DIVERSOS...