“Imagine como seríamos mais felizes, o quão livres seríamos para sermos nós mesmos, se não tivéssemos o peso das expectativas de gênero.”
Chimamanda Ngozi Adichie
A longo tempo as
mulheres são penalizadas em seus direitos, um processo de construção de
identidade de gênero cultural e histórica, tornando assim, por longa data
deixados de lado. A exemplo, expressão ‘sexo frágil’. O que cabe a mulher é a
casa, filhos e cozinha. Essas frases geram a ideia de um ser submisso a outra
figura de gênero. Conforme Karnal cita a “misoginia sendo talvez a mãe de todos
os preconceitos”, possibilita a presença dela desde a Grécia antiga, no período
Romano e no decorrer dos séculos. Uma coisa que precisamos pensar e analisar
sobre as políticas e a violência que isso leva até chegar ao estado grave o
feminicídio. O homem sempre postou uma figura potente e a mulher um discurso de
fragilidade. O homem não chora. A loira é burra. Mulheres dirige mau. A ideia
de que o homem pode trazer o sustento para casa, por muito tempo, levou sempre
a discriminação do gênero. Na religião, é estranho pensar como Deus não tenha
gênero, o porque o ser humano trata outro semelhante sem o mero respeito.
Esse processo que
leva a discriminação, preconceito e violências com requintes de crueldade,
revelando a capacidade do ser humano em fazer o mau, leva uma resposta para
além. O homem é homem a partir da realidade social e cultural. O nascer homem é
biológico. O ser humano constrói sua identidade a partir da cultura, contexto
histórico e social que é imposto a ele. Esse parágrafo pode ser descontruído
por um conservador ou algum fundamentalista religioso facilmente. No entanto,
movimentos de igualdade como já fornecido pela nossa Constituição (1988), faz
todos sermos iguais e gozar de direitos iguais. Por mais que esses direitos são
violados precisamos enquanto psicólogos promover a mudança e transformação na
sociedade por meio da nossa atuação, fomentando trabalhos voltados para o tema.
O código de ética do psicólogo, embasa seus artigos e incisos na Lei base ou
mãe das leis que é a carta maga.
Não obstante, a
desigualdade de gênero trazendo os palavrões, piadas entre outras formas de
preconceitos que pairam na discriminação do gênero. No Brasil, como forma de
conter o índice de violência familiar, foi instituído a Lei Maria da Penha que
prevê penas para os agressores que violentam sua própria esposa. O seu
companheiro de dentro da sua própria casa, sua família, faz isso com ela
(mulher). É enfático afirmar que isso é um abuso do gênero mais forte,
sobrepondo do gênero supostamente mais inferior. Conceito histórico surgido
desde a pré-história com o homem responsável pela a caça e a mulher por
atividades domésticas. Essa construção se tornou ideológica e permeia a
atualidade. Haja visto, a mulher como objeto de desejo onde surge os crimes
sexuais. A mulher passou ser alvo além de piadas ou humor negro, ela passou a
ser a representatividade da inferioridade, do adultério. A mulher passou ser a
Eva (pecado), sempre elogiada esteticamente e não pela capacidade de estar na
sociedade com seu trabalho competente.
Provavelmente
alguma mulher já teve passado por algum vexame em algum lugar por ser
discriminada ou inferiorizada. Isso leva a crer que as mulheres da atualidade
buscam a exercer o termo empoderamento
feminino, ser livres para estar onde querem e não serem julgadas por suas
escolhas, bandeira defendida pelo o feminismo.
Não apenas deve ser uma luta pelas as mulheres que se dedicam a causa, mas deve
ser uma luta também dos homens. Uma sociedade mais igualitária, desenvolvida,
se torna uma sociedade menos agressiva, isso proporciona para que a
personalidade masculina, seja mais branda. Existem diversos casos de homicídios,
é um fato social, nas comunidades diversos assassinatos ocorrem diariamente, no
homem impera a figura do agressivo, para ser menos agressivo o homem não
necessita ser mais feminino, necessita sim ser mais sensível ou cordial nos
relacionamentos.
Dessa forma, a construção
histórica-social deu-se por meio da figura masculina o homem sendo o
responsável pela a casa, fez com que assumisse o papel de figura onipotente,
incorporando em si a ideia do macho, provedor. Com o ato de procriar e gerar
filhos essa figura só potencializou o papel de opressor. A mulher nesse
contexto, passou a ser totalmente submissa ao que era imposto a ela. Esse fator
biológico foi um processo natural de construção histórica social pelo o gênero
dominante usurpando seu papel social.
Contudo, na atualidade
devido a lutas por papéis igualitários. O cenário vem mudando, graças a
informação e tecnologia. O ser humano está mais conectado e ciente de seus
direitos. Devido a essas mudanças, mulheres de todo o mundo tem conseguido
melhores condições como direito a voto e a casamentos não arranjados. Me doí
ainda saber, mas é real, a mulher negra passa por duas formas de discriminação,
além da misoginia sofre o racismo. Impossível na atualidade definirmos uma
pessoa pela sua melanina ou cor de pele.
Uma leitura que aborda o tema no texto acima mencionado.
Um texto comovente e propositivo de uma das maiores escritoras contemporâneas sobre como combater o preconceito pela educação.
Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista.
Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos.
Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.
2) Gênero e direitos humanos: Conquistas e desafios (artigo)
BAIXE AQUI
Sob o enfoque dos Direitos Humanos e de Gênero o presente trabalho visa diagnosticar os fatores estruturais do empoderamento feminino, a fim de reconhecer a igualdade entre homens e mulheres como um direito fundamental inviolável, perpassando-se pelo crivo da historicidade das relações de gênero, estabelecidas pela divisão sexual do trabalho e pela violência doméstica como instrumentos de manutenção do status quo da dominação masculina. Busca-se, ainda, estabelecer uma análise da figura das mulheres marisqueiras e pescadoras na Reserva Extrativista de Canavieiras - BA. Para tanto, utilizou-se de revisão da literatura existente, para fomentar o embasamento teórico a respeito dos temas em foco e para o conhecimento empírico utilizou-se de uma pesquisa qualitativa, construída, por meio de uma observação participante, através de entrevistas semi estruturadas, transcritas na íntegra, apresentando a experiência das mulheres e suas vivencias na Reserva. Por fim, constata-se a ruptura de barreiras de caráter identitário-sociológico e consequente promoção da equidade de gênero por meio de ações emancipatórias do ser-mulher.